Alexandre Brito, sócio e head da área de gestão de patrimônio, responde as questões sobre como os gestores de patrimônio estão analisando esse momento e como estão agindo para reportagem na CityWire Brasil.
Como avalia o nível de risco no mercado local e internacional? É hora de se proteger?
Olhando o cenário macro internacional, a perspectiva de risco ficou consideravelmente superior em relação ao ano passado. E ainda é possível que se escale mais. Temos a expectativa de elevação da taxa de juros do FED para pelo menos 5 ou 5,5%, e existe um movimento de enxugamento de liquidez relevante do balanço dos Bancos Centrais e de redução dos estímulos fiscais pelas economias. Com isso, naturalmente, há um movimento por ativos de proteção no cenário global. E após mais de dez anos de movimento de alta na Bolsa americana, vemos a inversão desse ciclo, agora voltando para as economias emergentes, o que também faz com que o nível de risco aumente consideravelmente.
Já no cenário local, temos duas visões completamente diferentes: a do investidor doméstico e a do investidor estrangeiro. Levando-se em conta a curva de juros – que deve ficar entre 12% e 13% pelos próximos 10 anos –, a própria Bolsa e o dólar, entre outros indicadores, as perspectivas de risco também aumentaram em relação ao ano passado. Com isso, fica embutida a exigência de prêmio de risco muito elevada para investir no Brasil. Mas o índice PL da Bolsa está dois desvios padrões abaixo da média histórica. A visão do investidor estrangeiro está muito mais construtiva e positiva que a do investidor doméstico. O CDS teve seu pico em outubro de 2022. Depois, reduziu consideravelmente. Com esse prêmio de risco muito grande nos ativos de maior risco, vale a pena aproveitar essas oportunidades, mas sempre tendo em vista o perfil do investidor e seus objetivos, além de uma visão mais de longo e médio prazos, pois também podemos ter um CDI muito alto, ou seja, com um excelente retorno sem correr risco.
Quais são as recomendações de investimento para esse início de ano nas principais classes de ativos?
Vemos a renda variável como uma oportunidade importante no ano, pois o índice de preço/lucro da bolsa está dois desvios padrões abaixo da média histórica e a gente estima o earn yield em mais de 16% ao ano real. Mas o prêmio não vai ser capturado em um único ano e sim a longo e médio prazos. Vemos ainda uma gordura muito grande na curva de juros hoje. Esperamos que volte a um patamar de equilíbrio, mas isso vai depender muito dos próximos passos da economia do País. Nesse cenário, a Bolsa e a taxa de juros são oportunidades.
Além disso, a alocação internacional é outro fator importante quando pensamos em descorrelacionar do desempenho dos ativos locais e ainda porque há proteção de uma moeda forte. Outra alternativa é a exposição a títulos pós-fixados. Nesse cenário, avaliamos que é o momento de capturar o prêmio de risco que está embutido nos mercados, mas sendo bastante seletivo. A expectativa é de bom retorno no médio e longo prazos, mas é preciso fugir de ciladas e não correr riscos desnecessários. Tendo uma boa alocação, a carteira deve seguir bem no médio e longo prazos.
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