A Citywire perguntou a grandes estrategistas se consideram que risco aumentou e como estão posicionando as suas carteiras. Alexandre Brito, sócio e head de wealth management da Finacap Investimentos responde!
1. O cenário que você projetou para 2022 e suas oportunidades mudaram do começo do ano para cá? Ainda há muita incerteza? No que está atento?
Começamos o ano com uma visão mais construtiva para as oportunidades de renda variável local e alocações em renda fixa inflação e/ou pré-fixada, ajustando o perfil de volatilidade de cada carteira com opções de menor volatilidade para atender os objetivos de retorno e orçamento de risco para cada perfil de investidor. Acontece que, ao nosso ver, ambas as alocações (renda variável local e renda fixa inflação) aumentaram ainda mais sua atratividade.
Sem dúvidas, o nível de incerteza é relevante, mas entendemos que o valuation atual da bolsa, que negocia uma relação de preço/lucro próxima de suas mínimas históricas e, praticamente, a dois desvios-padrão abaixo da média histórica, representa uma boa oportunidade. De semelhante modo, quando vemos títulos com risco de crédito soberano negociando a IPCA+6% a.a., naturalmente entendemos ser um momento oportuno para construir posição nesta estratégia.
Não fizemos ajustes nas estratégias de alocação, mas passamos a ter maior atenção aos ativos que tendem a performar bem, no médio/longo prazo, em cenários de pressão inflacionária – que, geralmente, é o efeito econômico imediato que podemos observar em períodos de conflito bélico.
Por conta disso, reduzimos a procura por papéis pré-fixados. Mesmo com uma boa margem de inflação implícita, prezamos pelo conservadorismo através dos títulos que são atrelados ao IPCA. De semelhante modo, vemos a renda variável como uma boa alternativa para proteção à inflação.
2. Pelo que é possível avaliar por agora, esse é o momento de se posicionar a procura de oportunidades ou procurar uma carteira defensiva?
Entendemos que não é o momento de fazer mudanças bruscas no perfil da carteira. Períodos de turbulência não são propícios para alterar o risco de um portfólio. O momento de se avaliar se deve ou não entrar na montanha russa é quando estiver com os pés no chão.
No entanto, buscamos oportunidades nas carteiras dos investidores, que possuam margem em suas alocações estratégicas, especialmente nas classes de ativos que já comentamos na questão anterior.
Entendemos que este é o momento de capturar as oportunidades que o mercado oferece em momentos de incerteza, mas ajustando o perfil da carteira com ativos de menor volatilidade para atender o orçamento de risco.
3. Alguma classe de ativo perdeu ou ganhou espaço? Pode compartilhar como sua carteira modelo está dividida em classes de ativos?
Mantivemos a composição estratégica das carteiras recomendadas. Apenas passamos a concentrar a exposição à renda variável local ao invés de ações internacionais e aumentamos a preferência por títulos que corrijam a inflação, em detrimento dos puramente pré-fixados.
Nossa carteira moderada está alocada da seguinte forma: Renda Fixa Pós-Fixada (45%), Renda Fixa Inflação (15%), Renda Variável Brasil (30%), Renda Variável Internacional (5%) e Alternativos (5%).
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